21 de jan. de 2008

Justiça finalmente!!!


Ao deixar o preço de seu novo álbum na internet a cargo dos fãs, o Radiohead sacode o mundo da música. Será um caminho para o futuro da indústria?
Em 2000, o álbum Kid A, do grupo inglês Radiohead, caiu na rede um mês antes do lançamento. Em vez de protestar, o vocalista Thom Yorke, o rapaz aí ao lado, líder intelectual da banda, festejou: "Isso mostra um entusiasmo que a indústria não causa mais". Sete anos depois, a banda de Oxford deu um passo adiante. Seu novo disco, In Rainbows, não só foi lançado apenas na rede, como o preço do download ficou a cargo do comprador. Isso mesmo: fora a taxa de US$ 0,90 do cartão de crédito, podem-se baixar as músicas por qualquer valor, inclusive zero. É o mesmo modelo que se usa para o software livre. O New York Times considerou este "o maior experimento em preço da era digital".
Os fãs reagiram de forma variada. André Picollo, estudante curitibano de 15 anos, pagou US$ 2. "Sou estudante e a grana é curta", diz ele. O produtor musical Thiago Barbosa, 23 anos, desembolsou US$ 6: "Deu vontade de pagar por aqueles que baixaram de graça". Muitos optaram por pagar menos da metade dos US$ 18 cobrados, em média, por CD na Inglaterra.Esta parece ser mais uma etapa da reinvenção da indústria fonográfica. Diante da queda das vendas de CDs desde 1999, e dos 20 bilhões de downloads ilegais, músicos e gravadoras procuram novos meios de fazer dinheiro. Ao encartar 3 milhões de discos em um jornal britânico, o cantor Prince lotou shows em Londres. A banda White Stripes vendeu seu álbum em pen drives. A gravadora Sony BMG testa um CD barato, com menos músicas.
Diante da comoção provocada por seu gesto, os inovadores do Radiohead escolheram o silêncio. Sabe-se o que eles pensam por declarações antigas. "Eu gosto do pessoal das gravadoras, mas chegou a hora de se perguntar se a gente ainda precisa delas", disse Yorke, em 2003, pouco antes de a banda se tornar independente.
Para David Card, especialista da consultoria americana JupiterResearch, a partir de agora as gravadoras terão de virar empresas de música, obtendo receitas com shows, merchandising e, claro, downloads. "Como o modelo antigo não funciona mais, finalmente elas estão experimentando", diz Card. Ele acha que o jeito Radiohead não será o padrão do mercado, já que a maioria das bandas não tem tantos fãs e precisa do lobby das gravadoras nas rádios.
O próprio Radiohead vai manter os pés nas duas canoas. No início de 2008, a banda lançará um CD tradicional. Até lá, terá recebido muita propaganda para um álbum sem hits potenciais, cujos autores estavam há anos fora das paradas. Mas o futuro ainda é incerto. Horas depois do lançamento de In Rainbows, já circulavam na internet cópias "piratas" de muitas de suas faixas. Os velhos hábitos...
RESULTADO DA OUSADIA:
Nos primeiros 4 dias depois do lançamento, O site do Radiohead registrou 1,2 milhão de downloads, com preço médio de US$ 8, o que soma US$ 9,6 milhões. As Gravadoras receberam Zero...